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Empresas querem progresso no marketing digital em 2022

O impacto do digital no PIB português aproxima-se dos 13 mil milhões de euros, mas o marketing ainda é uma lacuna, segundo BCG, Google e Nova SBE.
21 Agosto 2021, 18h00

As médias e grandes empresas português consideram o marketing digital, a Investigação & Desenvolvimento (I&D) de produtos e a oferta de novos serviços e produtos ligados ao online como as três áreas prioritárias que carecem de desenvolvimento em 2022, de acordo com um estudo elaborado pela consultora BCG, pela tecnológica Google e pela Nova School of Business and Economics (SBE). A necessidade de avanço nesta área surge porque, apesar de o impacto direto do digital na economia portuguesa se aproximar dos 13 mil milhões de euros, o país continua na cauda da Europa e com lacunas digitais estruturantes.

Aliás, o marketing digital, a par com a Indústria 4.0, as metodologias Agile/personalização e o Governance de dados são as dimensões mais distanciadas da referência europeia, segundo os dados compilados no estudo. Consideram os seus autores que é preciso diversificar os canais de atuação e deixar a ideia de que as redes sociais são a solução para todos os problemas de falta de exposição das marcas.

“Fazer marketing nos canais digitais é bastante mais complexo e científico do que possa parecer. Já não são as marcas que procuram os seus consumidores., são os consumidores que encontram as marcas”, explica ao Jornal Económico (JE) Inês Simas, cofundadora e CEO da Departamento de Marketing Portugal, empresa de outsourcing e consultoria. “Não sei se é uma tendência se é um must have: uma boa estratégia de conteúdos é chave para ser visível, gerar identificação e interesse. E é assim que hoje tudo começa. As marcas saíram do ‘pedestal’ e passaram a coabitar com os consumidores”, acrescenta.

Na perspetiva desta gestora, este é um desafio extraordinário para marcas “habituadas à perfeição, ao low-profile e com vários níveis de aprovação antes de irem para o ar”, que pode ser solucionado através de uma abordagem mais autêntica e humana, pois as marcas “são cada vez mais as pessoas que estão por detrás delas”.

Carmen Ferreira, Chief Marketing Officer (CMO) da Páginas Amarelas, defende ser “fundamental que as empresas invistam numa boa loja online, que lhes possibilite atrair mais clientes de diferentes partes do mundo, ao mesmo tempo que recorram a bons parceiros de distribuição e entregas, para que a experiência de compra online possa ser positiva e regular”. Aponta, em declarações ao JE, que, “impulsionado pela redução da circulação das pessoas a nível global, o marketing digital é a solução para abrir as portas da empresa ao mundo”.

“Hoje, as marcas continuam a recorrer a táticas e suportes de marketing offline, mas sabem que rentabilizam mais os seus investimentos e diversificam mais os canais a que têm acesso com a ajuda do marketing digital”, assegura a responsável da empresa que, com o passar dos anos, passou de um diretório a um marketplace.

Online, do complemento à supremacia
A consultora norte-americana Gartner, a mais relevante no sector tecnológico, define marketing digital como um conjunto de técnicas, tecnologias e informações integradas que permitem a esta atividade económica criar novos produtos e serviços, entrar noutros mercados, melhorar os processos necessários para gerar envolvimento e sentimento de proximidade numa conversa dinâmica com pessoas influenciadoras e (potenciais) compradores e, last but not least, direcionar, atrair e reter clientes.

Carmen Ferreira refere que o surgimento do marketing digital costuma ser associado ao início da era da informação, à criação da internet, na década de 60, e, mais tarde, ao acesso da população em geral aos computadores, nos anos 80/90. Porém, Inês Simas discorda que o conceito se possa desagregar do marketing em geral: “É uma simplificação. Existe marketing. O digital é um canal de comunicação e de venda, que começou por ser um canal de comunicação e era apenas um complemento às campanhas de televisão, outdoor ou qualquer outro canal”.

Para a CEO da Departamento de Marketing, as quatro principais mudanças foram a frequência de comunicação (“de conversa on going para 24 horas”), a necessidade de simplificar a proposta de valor e os processos (“mais do que três clicks para uma ação é um caminho demasiado longo”), a dificuldade de destaque na concorrência e o nível de exigência (“respostas rápidas e transparentes, entregas rápidas e serviço personalizado”).

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